Reúso da água

Cerca de um terço da população mundial vive em países que enfrentam crises hídricas, e uma em cada seis pessoas não tem acesso à água potável no nosso Planeta. Este cenário é responsável pela causa da morte de milhares de pessoas, sendo a faixa etária mais vulnerável as crianças.

Há anos o semiárido do Brasil vive contornando os efeitos da escassez de água característica da região, porém outras regiões do país, por variados motivos, como a falta de planejamento hídrico, contaminações diversas da água e mudanças climáticas também estão passando por períodos de crise hídrica. Dessa forma, há uma necessidade iminente de buscar tecnologias e soluções eficazes que possam atender a demanda dos múltiplos usos da água, conforme previsto no Plano Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.433/97.

A Resolução do Concelho Nacional de Recursos Hídricos, n° 54/2005 define reúso da água como a utilização de água residuária que se encontra dentro dos padrões exigidos para sua utilização nas modalidades pretendidas. Ou seja, a água pode ou não passar por tratamento, dependendo da finalidade para sua utilização.

A prática de reúso da água pode ser classificada de duas maneiras, e o que determinará a escolha é o destino, como por exemplo:

Reúso indireto ou não planejado: É quando a água residuária é lançada diretamente no corpo hídrico superficial ou subterrâneo e pelo processo de autodepuração natural, é diluída e, a partir de determinado ponto do trecho do rio pode ser captada novamente para um novo uso.

Reúso direto ou planejado: Refere-se ao uso planejado da água de reúso, ou seja, a água é conduzida do local de produção até o ponto de utilização, sem lançamento em corpos hídricos.

Nesse sentido, vale salientar que a água de reúso pode ser usada para fins potáveis e não potáveis. O reúso direto para fins potáveis baseia-se no tratamento avançado da água residuária. Essa prática é pouco usada no Brasil devido aos altos custos para a purificação do efluente. Por outro lado, uso potável da água de reúso de forma indireta se dá a partir da etapa autodepuração natural no rio e, posteriormente, captação, tratamento e abastecimento feito pela companhia de saneamento dos municípios.

Água de reúso para fins não potáveis possui um potencial maior de aplicação devido à facilidade de execução sob o ponto de vista técnico e econômico. Pode ser aplicada na agricultura, na indústria, nas residências, em manutenção de vazões dos corpos hídricos, em recarga para aquífero subterrâneo, entre outros. Estudos apontam que é possível poupar até 40% do consumo total de água de uma residência por meio de prática de reuso da água potável utilizada nessa mesma residência. A título de exemplificação dessa medida, tem-se a reutilização da água de chuveiros, de tanques, de máquinas de lavar roupa e da água da louça para irrigação do jardim, descarga de bacias sanitárias, lavagem de pisos.

Outro exemplo é Israel, país que possui fontes naturais de água doce de forma escassa e, apesar disso, tem uma agricultura desenvolvida e raramente passa por crises hídricas, pois adotou o uso intensivo de águas residuárias como a principal fonte de irrigação. Atualmente, mais de metade da água de irrigação utilizada pelos agricultores é de efluentes reciclados, correspondendo a 83% de todo o esgoto que é tratado. Os 17% dos efluentes que não são utilizados pela agricultura são lançados em córregos, fazendo com que muitas correntes intermitentes naturalmente fluam perenemente.

Diante do exposto, o reúso da água pode ser visto como uma oportunidade de preservar e garantir a disponibilidade de água potável no Brasil e no mundo. Auxiliando no enfrentamento das crises hídrica e corroborando para a eliminação de descargas de esgoto (sem tratamento) nos corpos hídricos.

Notou que a prática de reuso da água traz benefícios ao meio ambiente e ao bolso? A Geotrópico pode te auxiliar num projeto de reúso que melhor atenda às suas necessidades. Entre em contato.

Camila Guerim Pieniz

Estagiária – Geotrópico

Acadêmica de Engenharia Ambiental e Sanitária